"Violência no Transito". Um caso de saúde pública ou politico?

Violência no trânsito - Crônica


Atingimos o terceiro milênio, com incontáveis avanços tecnológicos e científicos, jamais concebidos pelo ser humano, em qualquer época.

Chegamos ao novo século, com tantas coisas fascinantes e dignas de fazer inveja a qualquer geração que tenha antecedido a esta.

É o início do fim de um ciclo da civilização, com homens, mulheres e crianças bem aquinhoados. Entretanto, a grande maioria não tem sequer um agasalho ou um pedacinho de pão, para saciar a fome. De emprego, nem se fale.

Estamos chegando ao fim de uma era, com passaporte para a civilização da cibernética, onde tudo é possível e imprevisível.

Estamos chegando ao momento crucial da humanidade, que de espiritualidade nem se lembra. Parece haver olvidado seu significado e existência.

O homem tem uma única opção. Não escolhe o dia para nascer, mas pode evitar a morte precoce, viver com dignidade e mostrar para que veio.

Esta é a grande verdade, que devemos encarar com muita seriedade.

Não é crível que o homem, tendo criado o automóvel, que o leva de um lugar para outro, tornando-o senhor do espaço e do tempo, teime desobedecer a regras indispensáveis. Estas foram feitas, para sua segurança e bem estar, e tão somente para propiciar-lhe o conforto de bem viver.

Romper essas mesmas normas é por tudo a perder, matando e se matando, como doidos e irresponsáveis seres surgidos do inferno de Dante e não frutos de uma civilização prestes a avançar no tempo e no espaço, usufruindo das benesses das grandes invenções do século XX que se vai, sem deixar saudade, pelo que não fez no campo moral, mas também torna o homem mais rico de descobertas científicas e tecnológicas, que fazem inveja a qualquer civilização anterior em qualquer tempo e espaço.

Esse mesmo automóvel que parecia ser a redenção do homem é seu maior algoz, mercê da irresponsabilidade e da impunidade que grassam em todo o País.

O motorista faz o que quer. O pedestre não tem sequer noção dos mínimos deveres. Ai daqueles que ousam obedecer à lei do trânsito. São barbaramente fechados. São objeto de escárnio. São os vilões dessa trágica história de homicídios e vandalismo praticados por choferes que merecem estar atrás das grades, por se assemelharem aos mais perversos assassinos sanguinários.

Faz-se necessário que as autoridades e a sociedade tomem imediatas e enérgicas providências, forçando a mudança desse trágico curso, antes que seja tarde demais, para a salvaguarda de inocentes vidas humanas.

É preciso recomeçar a campanha da vida pela vida.

Porque, quando a vida humana, bem mais preciosa entre todos os demais, nada mais vale, é sinal de que o homem deve parar e fazer profunda reflexão, pois terá caído no fundo do abismo e há que se repensar o sentido de todas as coisas!

Ess artigo foi escrito em 2003. Publicado originalmente pela REVISTA LEIA, ED. CONSULEX, 7, 15.4.2000 e cedida ao site da Revista Jus Vigilantibus, pelo autor.

http://jusvi.com/artigos/221