Em razão da realização do 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade, que aconteceu em Manaus-AM, de 23 até o dia 26 de março, onde politicos, empresários e ecologistas discutiram um modelo de desenvolvimente sustentavel por meio do emprego e da promoção de práticas ecológicas, reproduzo aqui um artigo de Dal Marcondes, tirado do site da revista Carta Capital.
foto Dida Sampaio/AE
O mundo precisa de um momento de reflexão e debate para que lideranças empresariais possam se mirar no figurino da sustentabilidade e ver onde estão apertando as costuras
Empresários e engenheiros tem muito em comum quando se fala em
sustentabilidade. Precisam de indicadores, métricas e modelos capazes
de mostrar o que fazer e como fazer para tornar suas organizações mais
afinadas com o modelo empresarial que deverá adentrar pelo século XXI e
ser a base de uma economia com menos emissões de carbono e criativa na
forma de se organizar, gerar lucros e distribuir riquezas pela
sociedade. Como as dúvidas ainda são muitas e as soluções pouco
testadas, encontros como o Fórum Mundial de Sustentabilidade, que teve
sua segunda edição de 24 a 26 de março, em Manaus, devem ser vistos
como oportunidades relevantes para o debate entre setores empresariais
avançados sobre como podem estimular a transição para uma economia
limpa.
Segundo Ricardo Young, ex-presidente do Instituto Ethos, este Fórum
poderia compor, junto com o Fórum Social Mundial e o Fórum Econômico de
Davos, o tripé de sustentação do debate global da para a construção de
um modelo econômico baseado no equilíbrio social (FSM), econômico
(Davos) e ambiental (Manaus). “Essa mobilização de empresários e
executivos de porte global pode tornar-se referência para uma economia
verde, inclusiva, socialmente justa e capaz de gerar e distribuir
riquezas”, explica. E de fato, o Fórum organizado pelo Lide e
coordenado pelo empresário João Dória Jr. teve muito méritos em atrair
personalidades mundiais e líderes de empresas brasileiras dos mais
diversos setores. Estiveram presentes representantes de logomarcas de
destaque no cenário brasileiro e global, como Nestlé, Bradesco,
Coca-Cola, Sabesp, Procter&Gamble, Itautec, Honda, Natura e uma
infinidade de outras marcas líderes.
A presença do ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger,
mais conhecido entre os brasileiros como o personagem “Exterminador do
Futuro”, foi inspiradora e suficiente para elevar a auto-estima de
qualquer brasileiro. Schwarzenegger refutou que o Brasil seja um país
pobre. Para ele uma economia capaz de obras monumentais como os sistema
viários das grandes cidades, com suas pontes e super avenidas, com
tecnologia para produzir medicamentos sofisticados e aeronaves que
atuam globalmente e com marcas reconhecidas em todos os mercados não
pode ser chamada de pobre. “O Brasil precisa ser mais divulgado no
mundo, para que todos saibam do que os brasileiros são capazes”, disse.
Também contou os esforços feitos em sua gestão como governador para
mudar a economia da Califórnia em direção a um modelo de baixo carbono
e de tecnologias limpas. “os novos investimentos, seja em que área
forem, precisam ter o componente da sustentabilidade”, explicou. Para
ele esta é uma forma de se ir fazendo a transição, até que se perceba
que é mais prático, eficiente e lucrativo ser sustentável.
Outro que aplicou uma injeção de ânimo na plateia foi o
ex-presidente norte-americano Bill Clinton, que depois de deixar a Casa
Branco, tornou-se um ativista da sustentabilidade e da redução das
desigualdades globais na William J. Clinton Fpumdation. Depois de falar
sobre o que ele considera os três principais desafios do mundo nas
próximas décadas, o clima, a instabilidade global e a segurança
cibernética, o ex-presidente deixou claro que via um novo Brasil no
cenário das nações. Ele destacou a criatividade com que o país
desenvolveu uma política contra a proliferação da aids e como se tornou
referência nessa área. Como o país assumiu responsabilidades complexas
ao liderar a ajuda e a intervenção da ONU no Haiti e como a liderança
brasileira está se dando pelo exemplo e não pela capacidade militar. “O
Brasil é, junto com a Argentina, um dos poucoa países do mundo que
podem oferecer alimentos e biocombustíveis ao mundo sem ter de desmatar
um só hectares de floresta”, disse.
Da plateia vem a pergunta: “O que querem que façamos?”. E a resposta
vem direta e seca: “Quero que liderem o resto do mundo em
sustentabilidade”, diz Clinton. E completou: “O Brasil pode mostrar ao
mundo que a inovação em produção e uso de energias limpas também é
muito rentável”, explicou. E alertou: “Não aceito a posição simplista
de ser a favor ou contra mudanças. É preciso que as pessoas se engajem
e ofereçam alternativas melhores”.
Durante os três dias de apresentações os particpantes puderam ter
contato com outros líderes globais do pensamento sustentável, como o
jornalista e ambientalista Paul Hawken, um dos inspiradores do
presidente global do Walmart, Harold Lee Scott, que reviu as
estratégias da organização e realizou uma guinada global para reduzir
sua pegada ecológica, revendo seus padrões para uso de água e energia,
além da geração de resíduos. Hawken contou que, no princípio, diversos
outros stakeholders da organização eram contra, mas sob a liderança
coerente de Lee Scott as coisas foram acontecendo. “É preciso que
exista nas empresas pessoas capazes de romar as decisões certas, porque
manter o mesmo rumo é sempre mais confortável, principalmente quando as
perdas ainda não estão acontecendo e o novo modelo ainda não provou seu
potencial”, explica. “No entanto, a médio prazo, quem não mudar vai
pagar caro por isso”, aponta.
Uma presença brasileira de destaque foi o ex-secretário de Maio
Ambiente de São Paulo, o advogado Fábio Feldman, que defendeu a
economia criativa como forma de ampliar a participação da sociedade nos
processos de geração de riquezas, além de mostrar que o Brasil tem
muito potencial para chegar à liderança ambiental apontada por Bill
Clinton. Feldman assumiu o palco com legitimidade para falar em
desenvolvimento sustentável, lembrando seus melhores tempos de
militância, quando assumiu lutas que se tornaram emblemas para a
história ambiental do Brasil.
João Dória Jr. conseguiu reunir líderes e celebridades no 2º Fórum
Global de Sustentabilidade, mas ao final, entre os participantes da
plateia, fica uma sensação de “quero mais”. É preciso avançar nas
pautas. Propor caminhos ousados e assumir o protagonismo que o tema
demanda. Posicionar-se lado a lado com o Fórum Social Mundia e com o
Fórum Econômico Mundial. O mundo precisa e o Brasil tem legitimidade
para isso. (Envolverde).
http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/o-figurino-da-sustentabilidade