(http://www.alternativenews.org/), criado em
1984 para dar outra visão do conflito israelense-palestino.
O levante popular que levou mais de um milhão de pessoas as ruas do
Cairo nesta terça-feira 1 coloca em xeque o acordo de paz entre Israel
e Egito assinado em 1979. “Israel controla o seu povo com o medo. O
alvo da vez é o fundamentalismo islâmico, representado pelo Hamas na
Faixa de Gaza. O mesmo artifício está sendo usado com o que está
acontecendo no Egito”, completa.
Enquanto o Cairo, Alexandria e outras grandes cidades egípcias pegavam
fogo, o governo do presidente Hosni Mubarack pedia autorização a Israel
para transferir um contingente de 800 soldados ao Sinai, região de
fronteira com Israel, para negociar a revolta beduína na península. A
presença de tropas no Sinai é uma infração ao Tratado de Paz de 1979,
que exige que a área, anexada a Israel após a Guerra dos Seis Dias de
1967, seja completamente desmilitarizada. No mesmo dia, tropas
israelense foram enviadas à região para conter uma eventual brecha para
“terroristas” egípcios atravessarem a fronteira. Israel ainda teme que
beduínos também cruzem para o seu lado da fronteira em busca de
refúgio.
Nas ruas de Jerusalém, como não poderia ser diferente, o assunto não é
outro. No bairro mulçumano da cidade velha de Jerusalém, comerciantes
palestinos estão ansiosos pelo desfecho dos protestos contra o
presidente Mubarack, que, em pronunciamento, afirmou não pretender se
candidatar novamente ao cargo nas eleições marcadas para setembro
próximo. “Finalmente as pessoas estão se revoltando contra esses
ditadores.
O governo de Israel se utiliza da política do medo para apoiar o ditador Hosni Mubarack e seu regime em agonia
Política do medo. É desse jeito que o governo israelense, chefiado pelo
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, se posicionou pela primeira vez
sobre o levante popular no Egito após dias de “neutralidade”. Na
segunda-feira 31, em um encontro com a chanceler alemã Angela Merkel,
em Jerusalém, o premier disse que Israel é “uma ilha de estabilidade na
região” e demonstrou preocupação com as “rápidas mudanças sem aspectos
de democracia moderna” que acontecem no país vizinho, como já se
passara no Irã na revolução de 1979: “Irá acontecer uma insurreição de
um regime opressivo radical muçulmano.”
“O governo israelense se utiliza desta política desde a sua criação.
Israel precisa parar de representar a fronteira ocidental no Oriente
Médio. O status quo não dá mais para ser mantido”, afirmou o jornalista
israelense, de origem francesa, Michael Warshawski, fundador do Centro
de Informação Alternativa Primeiro a Tunísia, agora o Egito. Tomara que isso ajude a
nossa causa. Tudo o que queremos é paz”, revela o vendedor palestino
Salim Hassan, dono de uma loja de lenços árabes na Rua David, a poucos
metros do portão que o separa do bairro judeu.
“O que está acontecendo no Egito e na Tunísia não vai contribuir para a
causa palestina diretamente porque há muito tempo está claro o que é
preciso ser feito para a criação da Palestina. Com os atuais
governantes, Israel e Palestina nunca chegarão a um acordo de paz”,
analisa a ativista Angela Godfrey-Golfstein, integrante do Comitê
Israelense Contra a Demolição de Casas (http://www.icahd.org/)
palestinas em Jerusalém. Coincidência ou não, o presidente da
Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou nesta terça-feira 1 que
realizará eleições assim que possível. Elas deveriam ter acontecido em
2009, mas Abbas as cancelou sob a alegação de que não realizaria um
pleito enquanto a Palestina continuasse dividida politicamente, com o
Hamas na Faixa de Gaza e o Fatah na Cisjordânia. O secretário de
gabinete palestino, Naim Abual-Hommos, afirmou à AP que o governo
estava esperando apenas pelo momento correto para realizar as eleições
e que não há nenhuma conexão com as revoltas no Egito.
Originalmente postado do site da Revista "Carta Capital"
Link: http://www.cartacapital.com.br/internacional/israel-o-egito-e-o-medo
Originalmente postado do site da Revista "Carta Capital"
Link: http://www.cartacapital.com.br/internacional/israel-o-egito-e-o-medo