Desde 1995
No
dia 23 de Outubro de 1998, Israel e a Autoridade Palestina assinaram o
memorando de Wye River que previa a entrega à Autoridade Palestina de
mais 13% do território da Cisjordânia no prazo de três meses, mas
passados menos de dois meses, a 18 de Dezembro, Israel suspendeu a sua
aplicação.
No
dia 4 de Maio de 1999 terminou o período da autonomia palestina
previsto na "Declaração de Princípios". Sob a instigação do Presidente
dos EEUU, Bill Clinton, Yasser Arafat e Ehud Barak assinaram, no dia 4
de Setembro do mesmo ano, o memorando de Charm ech-Cheikh, que redefinia
o calendário para a aplicação do memorando de Wye River e, além disso,
estipulava a abertura de dois corredores seguros entre a Cisjordânia e a
Faixa de Gaza, a libertação de mais um grupo de prisioneiros palestinos
e o começo das negociações sobre todas as questões ainda em suspenso.
Tudo isso ficou letra morta. Bill Clinton convocou de novo Yasser Arafat
e Ehud Barak com os quais se reuniu em Camp David de 11 a 24 de Julho.
As negociações avançaram, mas não se chegou a um acordo. Seguiram-se
ainda outras tentativas de negociações instigadas igualmente por W.
Clinton, prestes a terminar o seu mandato. A última dessas tentativas
teve lugar em Taba (Egito) de 21 a 27 de Janeiro de 2001, dias antes de
os israelitas escolherem Ariel Sharon para seu primeiro-ministro em vez
de Ehud Barak.
Resumindo:
Os acordos de Oslo não criaram a dinâmica de paz que deles se esperava.
Praticamente não se foi além da aplicação do que se previa que fosse só
a sua primeira fase. É verdade que Israel se retirou das oito zonas
urbanas da Cisjordânia e de cerca de 80% da Faixa de Gaza, deixando
assim a maioria esmagadora dos palestinos sob a jurisdição exclusiva da
Autoridade Palestina10. Repare-se, no entanto, que as oito zonas urbanas da Cisjordânia são ilhas num mar israelita11.
Não havendo contigüidade territorial entre elas, estão isoladas umas
das outras. Em condições "normais", essa situação obstrui seriamente a
circulação de pessoas e bens e, por conseguinte, todas as atividades,
nomeadamente a atividade econômica, dos palestinos. Em situações de
"crise", ela permite ao exército israelita reocupar em poucos minutos, e
com poucos meios (uns quantos tanques e buldózeres) as cidades
palestinas ou sitiá-las, encarcerando nelas os seus habitantes. Pelo
contrário, os colonos israelitas continuaram a evoluir à vontade num
espaço aberto, dispondo para isso de uma moderna rede rodoviária
própria, que não só lhes permite circular na Cisjordânia e na Faixa de
Gaza, mas também os liga ao território de Israel. Longe de parar, como
deveria ter acontecido em conformidade com o espírito do "Processo de
Oslo", a colonização, sobretudo da Cisjordânia, intensificou-se.
Cresceram os Assentamentos de Colonos já existentes e criaram-se outros
novos. Para esse efeito, confiscaram-se mais terras. Isto e o
não-cumprimento por parte de Israel de outros acordos levaram os
palestinos a perder a confiança no "processo de Oslo". A frustração, à
altura da imensa esperança que o dito processo havia suscitado, levou os
palestinos à beira da explosão. A visita de Ariel Sharon, então chefe
da oposição israelita, à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, no dia 28
de Setembro de 2000, serviu de rastilho. O horror do que desde então se
passa na Palestina tem ecoado ruidosamente em todo o mundo dia após
dia, graças aos meios de comunicação social.